sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Capítulo II - Orbe





A casa estava aquecida, um ar abafado, mas agradável, a grande estante de madeira tomando conta de quase metade da parede da sala. 




A porta da frente parecia estar sendo espancada. A madeira já parecia levemente amassada do lado de fora.




A ruiva invadiu a casa da doce menina de cabelos cor-de-rosa. Agarrou um vaso na mesinha de centro e o atirou no chão.
- Aspen, pare! – A menina entrou em pânico ao ver o estado da amiga.


- Cala a boca! – Aspen vociferou, e com uma expressão insana de ódio no rosto, atirou um vaso que estava acima da lareira apagada no chão.


- O que significa isso? – A garota gritou e gritou, mas seus chiliques foram abafados pelo som de mais dois vasos atirados ao chão, despedaçando-se. Aspen, extremamente furiosa, virou-se e olhou no rosto de Tris, que expressava um medo inegável.


- SUA VADIA! – Ela gritou.
E atirou um último vaso da lareira na cabeça da garota, que caiu ao chão, em meio a poças de sangue e porcelana despedaçada. Desacordou enquanto via pontos brilhantes de poeira sob a luz das lâmpadas caírem sobre ela.




Saltos estalavam freneticamente no ambiente branco. Não era tempo de apreciar a cores, mas era impossível não notar as lindas flores dispostas em mesas quase indistinguíveis das paredes, sob toda essa iluminação brilhante.
Uma senhorita com feições que pareciam ser simpáticas na maior parte do tempo fechou a cara e olhou por cima dos óculos quando a viu.
- Meus papeis, Marquise. – Ela ordenou sorrindo, mas sem olhar diretamente para a secretária, agradecendo mentalmente por ela ter ficado até tarde na empresa.
- Claro Sra. Guidance. – Ela respondeu, impotente.


Farrel caminhou com sua postura de habitual até a porta do escritório, onde encontrou seu guarda-costas, Liam.
- Lá dentro, agora.


Fecharam a porta e ela caminhou até a mesa, de onde foi girada por Liam até seus rostos ficarem a pouquíssimos centímetros um do outro. Ela se inclinou lentamente para trás, confiando seu corpo completamente a Liam.


Seus corpos logo ficaram despidos e não existia mais nada ali. Eles dois e nada mais ao redor.


Ao fundo, olhos assustados observavam, arregalados por entre as persianas, toda a ação que acontecia dentro do escritório. Era Marquise, que havia cogitado bater à porta para entregar os documentos ordenados pela sua chefa, mas que pensou duas vezes, após ouvir os gemidos.



Um vulto de cabelos castanhos caminhou pelo jardim da frente. Vestindo a mesma roupa da noite anterior, molhada e consideravelmente desorientada, Sonnie cambaleou e só não caiu pelo fato de se apoiar na porta. Teve um pouco de dificuldade ao tentar enfiar a chave a porta e repetiu o ato várias vezes até achar o buraco da fechadura.
Ainda que tudo estivesse desfocado, percebera um borrão em forma humanoide. Completamente vestido de preto, não vestia uma máscara (o fato de Tris estar completamente desorientada eliminou a necessidade de cobrir o rosto) e deixara seus cabelos loiros livres. Não se importou, apenas agradeceu por poder estar em um lugar quente. Um paraíso em meio a essa chuva.




Ignorou o ser e desviou-se dele, sua visão turva só fazia seu cérebro se concentrar ainda mais no sofá logo adiante, na sala. Ao que Tris a passou, a criatura lhe puxou o cabelo com força, forçando-a de volta para trás e levando consigo um tufo de fios cor-de-bronze.
 Ao que o cérebro de Tris, ao perceber a ameaça, tentava esclarecer a visão, o vulto puxou uma adaga e, com movimentos rápidos, levantou levemente a cabeça da menina e enterrou-a logo abaixo da lateral de seu queixo.


Rapidamente largou a garota, que sangrava e chorava desesperadamente enquanto tentava gritar.
 Ela ficara de quatro e estendera uma mão, na ilusão de que aquele que selou seu destino voltaria para ajuda-la. Acabou gemendo e se contorcendo no chão, enquanto perdia sangue e sua visão ficava mais turva que nunca. Tomou uma posição fetal, e tudo acabou num fundo negro.



Enquanto tentava abrir os olhos, ouviu vozes desesperadas por todos os lados. Um som frenético de rodinhas junto com o ar indo contra sua cabeça a ajudou a deduzir que se movia rapidamente.


Abriu os olhos e viu uma equipe de três médicos acima de si. Um homem parecia estar com a mão em seu peito. O outro checava seu pulso e, por fim, uma enfermeira, que foi a primeira a notar sua consciência.
- Ela acordou! – Disse a enfermeira, aparentemente aliviada. – Agora é ter esperança pelo bebê.


O bebê. O bebê. Uma Beatrice completamente desnorteada começara a chorar ao baixar a cabeça e ver a maca encharcada de sangue.
“Salvem meu bebê, por favor.” Ela repetia entre breves momentos de inconsciência. O corredor parecia infinito.


Em uma sala próxima, uma garota se acalmava.
- Como ela está? - Aspen estava aflita. Por dentro.
- Mal. – Brett estava frio. Olheiras enfeitavam seus globos oculares. – Muito mal.
- Ela não parecia estar em estado avançado da gravidez.
- Faltam poucos dias para completar um mês. Se completar. – Um engasgo perceptível quase impediu as palavras “se completar”.
Aspen começou a chorar alto.
- Você...
- Eu te traí, não foi? - Lágrimas também escorriam o rosto de Brett, e sua voz, que soava odiosa e alucinada, entalava e falhava. – Eu transei com outra garota enquanto nós namorávamos, não é isso que você quer me dizer? Então sim, aconteceu sim! – Neste ponto, ele começou a falar alto o bastante para algumas pessoas no corredor prestarem atenção nele. – Se aquele bebê...



- Sr. Coldwecker? Brett Coldwecker? - Alguém chamava fora do cômodo. Era um médico num avental branco-azulado. Após ter sido avistado, Brett ansiou alguma coisa; qualquer coisa, contudo só o que se seguiu foi silêncio.
- O quê? O que? Como estão os dois? A Beatrice ficou bem? - Seus olhos eram vazios.
- Sim... A... A garota; Beatrice, não é? Ela está bem, sim. – O doutor estava estremecendo. 




- E a... A criança?



 E então o médico abaixou a cabeça e a balançou levemente, como se significasse um negativo. Era um negativo.



Não economizou sua hora quase completa na banheira. Sais de banho se acumulavam na parte de seu corpo que se encontrava na camada entre a superfície e a parte submersa da água.
Levantou-se rapidamente ao ouvir os barulhos no andar inferior. Seus funcionários bem sabiam que ela enfatizava seus pedidos de silêncio, então só poderia ser mesmo outra pessoa.


- Não precisa começar com o discurso sobre “o que você passou para conseguir a lista”, apenas me entregue. – Disse enquanto notava a falta do uniforme do policial. Seus cabelos eram muito maiores do que pareciam dentro daquela boina. Usava óculos quadrados, que o deixavam ainda mais bonito. Ainda utilizava a mesma corrente com pingentes quadrados da última vez.



Sem emitir sons, Mackenzie levantou-se e enfiou a mão no bolso. De lá tirou um aparelhinho muito pequeno e vermelho. Um pen-drive. Colocou-o delicadamente sobre a mão de Daveigh.

- Tome cuidado com isso. – Disse enquanto deixava-a para trás, caminhando até a porta.


- Não é com você que estou preocupado. – Ele não se virou, mas se o fizesse veria Daveigh ainda de costas para ele. – Mais pessoas além de você estão envolvidas nisso. Eu. Portanto tenha cuidado.
Gostaria muito de dizer “obrigado”, mas a palavra simplesmente não se encaixaria com toda a sua frieza. Ao invés disso, ficou refletindo sobre o que ele disse.

Ele disse “Não é SÓ com você que estou preocupado.”


Fim do Capítulo II

4 Comments:

  1. First! -n

    Bem, ontem eu li o primeiro capítulo e acabei de ler o segundo e posso dizer uma coisa: a história é um pouco confusa, mas é boa. Essa confusão deixa um mistério no ar e gostei disso!

    A história está realmente boa e eu quero o capítulo 3 logo!

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    1. And o/

      Sim, a história é meio confusa e isso é proposital. Pelo menos uma parte; alguns enigmas são consequências dos primeiros.

      Obrigado, And :) Acho que o Capítulo III sai no fim do mês :)

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  2. Quanto sangue, hm? Amo/ (Mentira, o sangue que foi escorrido nessa att é muito pouco. .-.)
    Vasos, tsc, tsc... Por esse motive nunca confiei neles.
    Impressão minha ou BT só tem mulheres vadias? rsrsrs
    Não sei quem é mais safada: a Farrel por fazer secsu no trabalho ou Marquise por ficar assistindo.
    O médico deu a notícia do bebê morto sorrindo. ASHUIAHUIAHUIA
    Enfim, gostei a att e esperando a próxima. *-*

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    1. AUHASUASHSAU Que implicância com os vasos, tão inocentes -n
      As duas são safadas não apenas pelo que farão agora, mas as duas serão decisivas numa parte da história. Decisivas e, é claro, safadas.
      Pense numa pessoa que não conseguiu encontrar uma foto boa de cabeça baixa. Pois é, e depois eu notei uma 2 poses de cabeça baixa E triste... UAHUHAUSHA Daora a vida.
      Obrigado *.*

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